segunda-feira, 8 de novembro de 2010

#6

Mais de um mês depois da última edição, eu voltei. Em primeiro lugar gostaria de pedir desculpas para todas as pessoas que realmente lêem isso e sentiram falta de alguma novidade. Um salve especial para as três ou quatro que entram quase todos os dias. Vocês são legais.

Em segundo lugar, gostaria de me justificar de forma breve: cara, foi um mês difícil. Isso basta, né?!

E agora, vamos direto ao assunto. Nessa edição vou falar sobre os filmes Bye Bye Brasil, Machete e Entre Os Muros da Escola. Os livros escolhidos foram Uma Longa Queda, O Caso do Bolinho e Catecismo de Devoções, Intimidades e Pornografias.

Olha, não vou mentir. Durante esse mês “consumi” muitas outras coisas. Por exemplo, além desses livros ali eu ainda li os dois “Alices”. É que minha irmã foi mais uma dessas vítimas que compraram o box dos dois livros com ilustrações da Helen Oxebury depois de ver o último filme do Tim Burton. Mas não vem ao caso comentar sobre eles aqui, certo?! Quantos aos filmes, acho que fazia muito tempo que não via tantos títulos em um único mês. Mas eram comédias românticas sem importância ou clássicos que todo mundo já viu, então, também vou deixar esses de lado.

E só pra constar, sim, eu me envergonho, mas realmente li O Caso do Bolinho da Tatiana Belinky. Se você não conhece, eu vou explicar melhor o motivo da minha vergonha. O livro é daqueles infantis, recomendados para, sei lá, crianças de sete ou oito anos. Sabe aqueles que têm umas 30 páginas com quatro ou cinco linhas em cada uma?! Pois é, esse é um desses aí. Eu sei que poderia ter simplesmente ignorado aqui na coluna o fato de ter lido esse livro, já fiz isso com outros bem mais aceitáveis e tudo, mas é que o Caso do Bolinho me intrigou.

Sabe qual é o problema, ele tem mó pegada “jacaré marcou virou borsa”, saca?! Vou explicar melhor. A parada é o seguinte, tem um casal de idosos. Ele pede um bolinho, ela faz. O bolinho foge e sai por aí feliz e cantando. No meio do caminho ele encontra e engana uns três ou quatro bichos famintos. Mas aí ele encontra uma raposa que consegue enganar o tal bolinho, e pá, manda vê. Fim do livro. Bizarro, né?! Pô, fiquei pensando se é saudável contar uma criança esse tipo de história. Sabe, “ó, meu filho, não fuja de casa, se não vem alguém e te traça”.

Na verdade pensando agora desse jeito, até que faz sentido.

Tá legal, esqueçam o bolinho. Vamos falar sobre o clássico brasileiro de 1979, Bye Bye Brasil, do Cacá Diegues que, segundo uma breve pesquisa na internet, foi o primeiro longa nacional que atingiu a fantástica cifra de um milhão de dólares. O filme, resumindo de uma forma grotesca, conta a história da Caravana Rolidei e suas peregrinações pelas cidades brasileiras.

Bye Bye Brasil recebe elogios até hoje, principalmente por se mostrar atual. Mas acho ele vai além disso É um filme rico em objetos de análise, principalmente se você é um desses pirados em identidades culturais e coisas do tipo. O lance é que cada personagem foi muito bem criado e, claro, interpretado. O José Wilker manda muito bem como Lorde Cigano, o Fábio Jr. tá no estilão Fiuk de ser e a Betty Faria fica pagando peitinho o filme todo. Se fosse para usar esses clichês da imprensa cinematográfica eu diria que Bye Bye Brasil tem “humor na dose certa e críticas sutís e inteligentes sobre os estereótipos brasileiros”.

Outro filme bacana que eu vi nesses últimos dias foi o Machete. Sabe qual é?! Isso, aquele que era só um trailer migué, mas depois de vários comentários e especulações acabou se tornando real. Cara, pode ser muita pretensão da minha parte, mas vou dizer mesmo assim. Acho que Machete é o melhor filme de Robert Rodriguez. Tá, não vi todos e gosto bastante de alguns dos que já vi, mas esse é extremo.

É um culto aos clichês de filmes de ação. Um misto de trash, cult e humor, tudo em um mesmo lugar. Machete tem tudo o que você pode imaginar. Explosões, sangue, tripas, incontáveis mortes, mulheres nuas, sexo, tiros, motos voadores e frases de impacto dignas de Stallone Cobra. Isso sem contar na ótima escolha dos atores (Danny Trejo, Robert De Niro, Steven Seagal, Michelle Rodriguez, Lindsay Lohan...) que carregam outros clichês por conta própria.

Para fechar os filmes dessa edição, vi também o Entre Os Muros da Escola. Badalado longa francês do diretor Laurent Cantet que fez a cabeça de vários educadores do mundo inteiro. A história é focada na relação professor x aluno e as multiculturalidades existentes dentro de uma sala de aula.

Esse é o tipo de filme ideal para professores e parece que eles já perceberam isso. Tentei indicar para alguns amigos que estão se formando em cursos de licenciatura, mas todos eles já tinham visto. A única pessoa que não tinha me disse com uma voz triste, “é, faltei nessa aula”. Enfim, tá tudo certo. Se você é ou será professor, assista. Pode ser uma experiência bacana e traumatizante.

Mais uma vez li um Nick Hornby. Dessa vez, Uma Longa Queda. Esse é um pouco diferente dos demais. Apesar de citar ao longo do texto alguns autores conhecidos, não são tantas as referências ao mundo pop sempre muito explorado em seus livros. Apesar disso, outra característica marcante em suas obras (e talvez vida), a depressão, é a linha condutora dessa vez.

Uma Longa Queda conta a história de quatro pessoas que, na noite de ano novo, quando pretendiam se matar, se encontram no terraço de um prédio e resolvem se ajudar. O bacana mesmo é o formato do livro. Ele é escrito no estilo de um documentário. Imagine entrevistas com esses quatro personagens, que foram picotadas e organizadas em uma ordem cronológica, fazendo com que eles mesmos contem sua história. É isso aí. Tudo bem, esse não é dos melhores livros do Hornby, mas mesmo assim é bacana.

Esses dias um velho amigo me disse, “finalmente criou um blog de pornografia, ein”. Bom, pelo jeito ele não entrou aqui, mas para não desapontá-lo, caso entre, vou fechar essa edição comentando o Catecismo de Devoções, Intimidades e Pornografias, do Xico Sá. Um livro muito peculiar, assim como seu escritor. A obra é uma espécie de compilação de ensinamentos, dicas e reflexões sobre as pornografias do mundo moderno.

Divido em pequenos capítulos, que às vezes possuem apenas uma frase, o livro que segue o formato de um verdadeiro catecismo. É recheado de referências a grandes escritores que desbravaram essa temática, como Gregório de Matos, Nelson Rodrigues, Marquês de Sabe e Ovídio, e é dedicado a todos os rapazes chupadores de manga e meninas fãs de espigas de milho cozido.

Se você se encaixa em alguma dessas duas características, é fã desses escritores citados acima, gosta das famosas pornochanchadas brasileiras e/ou ouve Roberto, mas queria ser o Erasmo, então, meu amigo(a), leia sem medo o Catecismo de Xico Sá, parafraseando o Tremendão, será um orgasmo inenarrável.