quarta-feira, 11 de agosto de 2010

#1

Para essa primeira edição da coluna eu li vários livros, vi vários filmes e ouvi vários discos. Mas se pensar bem, foi tudo uma farsa. Sabe, como não tinha uma data específica para publicar, fui juntando tudo o que o que consumi nas últimas semanas. Mas e nas próximas? Ficaria chato publicar uma primeira coluna com 50 títulos e, em uma segunda edição, publicar apenas cinco. Sabe o que eu fiz? Escolhi só uns cinco para essa também (ou você acha que eu aguento 50 por edição?).

Então hoje vou falar sobre os filmes nacionais Besouro e A Festa da Menina Morta, o disco de estréia da banda Do Amor, o livro O Doce Veneno do Escorpião da Bruna Surfistinha (calma, eu posso explicar) e, claro, o Frenesi Polissilábico do Nick Hornby.

Besouro foi muito comentado no Brasil, provavelmente pela idéia um tanto quanto inovadora do filme: Uma espécie de herói que domina uma arte marcial tipicamente brasileira, a capoeira. Ao mesmo tempo em que informa o público com dados históricos sobre a luta e a sua importância na cultura do país, Besouro também cria uma atmosfera típica de filmes de ação hollywoodianos no melhor estilo sessão da tarde. Além dos problemas nítidos de edição e montagem, o lance é que os atores são ruins. A impressão que dá é que pegaram ótimos lutadores de capoeira, fizeram um curso básico de atuação e boa, mandaram rodar o longa. Espero que o protagonista, Aílton Carmo, não se torne um Jackie Chan ou, sei lá, o Bruce Lee nacional. Tá, eu peguei pesado. Enfim, o filme tem seu valor inovador, mas acho que é só isso.

Esses dias, durante uma aula, um professor comentou a importância de Dira Paes no cinema nacional. Fiquei pensando em quantos filmes já vi com ela e quantos faltariam para eu completar sua filmografia. Faltam vários. Mas um dos que eu ainda não tinha visto me chamou a atenção pelo nome: A Festa da Menina Morta. Já tinha ouvido falar, só não lembrava o quê, então fui lá e assisti.

A idéia central do longa é bem interessante. Um santo vivo, os milagres, a festa em comemoração a ele e como isso afeta sua vila, cidade ou seja lá o que for aquilo. Mas o filme é daqueles pesados, cheios de cenas cansativas e desnecessárias. E olha que eu nem tô falando do incesto homossexual divino. Eu tô falando é da galinha degolada, dos 15 minutos de porco gritando, dos vários segundos de enquadramentos sem sentido e, claro, do afogamento no rio sujo do tal porco gritão. Confesso que pausei várias vezes o filme. Uma dessas pausas durou cerca de uma semana! Só dei uma nova chance quando descobri que A Festa da Menina Morta era a estréia como diretor e roteirista do Matheus Nachtergaele, um dos meus atores nacionais preferidos.

A nova chance durou mais uns 20 minutos. Eu não consegui terminar. Eu não aguento mais A Festa da Menina Morta. Então ó, se você já assistiu e acha que o filme tem um puta final genial, me avise. Eu juro que tento mais uma vez.

Conheço a banda carioca Do Amor há algum tempo, algo como um ou dois anos. Acho que nunca saiu um material fechado, como um disco e tal, só algumas músicas soltas. E confesso que não gostava dessas músicas. Recentemente o grande assunto do twitter (ou pelo menos das pessoas que eu sigo) foi o “vazamento” do disco de estréia homônimo da banda. Relutei um pouco, mas fui convencido a ouvir depois dos vários elogios que li.
O disco é bacana. Tem um swing próprio, criado depois de uma mistura louca de vários estilos musicais como rock, indie, axé e até carimbó. Tem muita gente dizendo que esse é um daqueles discos unânimes nas famosas listas nacionais de “melhores do ano”. Eu não duvido e, se a produção musical do país continuar nesse ritmo até o final do ano, Do Amor também entra na minha lista.

Li O Doce Veneno do Escorpião, a autobiografia da ex-garota de programa Bruna Surfistinha, por dois motivos: (a) você deve saber que o livro vai virar filme, mas essa semana eu assisti um trailer, com trilha do Cansei de Ser Sexy, que rolava uma cena da Deborah Secco dançando seminua e (b) esse é um daqueles livros que você lê em 40 minutos. É importante ressaltar que um motivo é inútil sem o outro. Por exemplo, se rolasse uma cena de sexo explícito da Deborah Secco, com trilha sonora, sei lá, do Velvet Underground, mas se o livro tivesse 500 páginas, eu dispensava a leitura tranquilamente. Provavelmente o filme não.

Durante as 168 páginas, o livro muda de propósito várias vezes. Vai de autobiografia (com a vida da Raquel) a auto-ajuda (com dicas sexuais da Bruna), passando até por páginas e mais páginas de curiosidades e bizarrices sexuais. O estilo meio ingênuo é muitas vezes duvidoso. Não consegui entender o que a autora queria que eu, ou qualquer outro leitor, pensasse sobre ela.

Frenesi Polissilábico, do Nick Hornby, é uma coletânea de críticas literárias que o autor, originalmente, publicou na revista Beliver. Se você leu o editorial desse blog pode imaginar o quanto gostei. Esse é um daqueles livros que vou indicar para todo mundo, dar de presente em aniversários, natal e essas coisas todas (se você é meu amigo, se prepare e não reclame). Ele é interessante, divertido e envolvente. O único problema em lê-lo é que sua lista de “livros que pretendo ler” vai aumentar consideravelmente. Se não me engano, o único livro resenhado por Hornby que li, foi o “Crônicas” do Bob Dylan. Culpa dele, que não conhece a Bruna Surfistinha.

3 comentários:

  1. Se você quer mesmo saber, A Festa da Menina Morta não tem final genial coisa nenhuma! Besouro eu não vi e penso que deve ser o que você disse mesmo, efeitos estilo Matrix + capoeira nunca me cheirou bem. Me intrigou o fato de você ter visto o filme pela Dira, e não pelo Matheus. Eu vi no festival de cinema de Maringá, sentado numa cadeirinha de plástico, sem poder pausar o porco gritando naquela tela imensa, mas persisti até o final, quase vomitei. Que o Nachtergaele continue atuando! E pelo jeito você tem vários professores bacanas (que gostam de Caetano!), porque a Dira Paes é muito fodona mesmo, eu acho.

    O disco eu não ouvi ainda.

    Quanto à Bruna Surfistinha, às vezes eu penso: todo mundo fala em literatura marginal, mas quer alguma coisa mais marginal que esse livro? AHUAHAUIAUHUA! A Bruna Surfistinha é o que o Brasil produziu de mais próximo do Bukowski! Ou melhor, da Anais Nin! Claro que eu tô falando sem ler, mas não vou dizer que tô brincando, eu tive esse pensamento como uma coisa legítima, juro! E prometo que um dia vou ler, pelos mesmos motivos que você leu.

    O livro do Nick eu posso até não ganhar de presente, mas se você emprestar eu quero!

    Não vou mandar abraço porque já mandei no outro post, um por dia tá bom. ;D

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  2. Concordo com o Bruno. A Festa da Menina Morta não tem um final genial. Mas, na minha opinião, ele é genial por si só. Por cima (porque faz tempo que eu assisti ao filme) pelo fato de retratar uma cultura diversa cheia de crenças cabreiras que podemos comparar com as nossas e ver o quanto somos idiotas por pensar de determinada forma por estarmos inseridos em uma cultura x. (Espero que eu tenha me feito entender)
    Fora isso, vi o teaser do filme da Bruna Surfistinha. Até posso ler o livro um dia, mas acho difícil... E fiquei chocada com essa coisa que o Bruno escreveu de Bukowski. Pô, Bukowski! huahauahuahauha
    Enfim, queria aproveitar o ensejo e dizer que gostei da idéia do blog. E espero estar um pouco por dentro pra opinar. hahaha
    Beijo.

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  3. tbm vi a festa da menina no festival de maringá aliás foi o filme do festival. gostei muito do filme principalmente com o retorno da mãe do nachtergaele e toda a densidade que isso provoca

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