domingo, 22 de agosto de 2010

#2

As coisas não funcionaram como eu previa desde a publicação da primeira edição dessa coluna. Queria manter o ritmo leitura, aumentar o número de filmes e ouvir a maior quantidade de discos possíveis, mas não foi bem isso o que aconteceu. Li pouco, não ouvi nenhum disco novo e vi apenas um filme (fora aqueles que passam de madrugada na Globo). Esse descaso tem um motivo: Recentemente eu comprei um videogame.

Tive um professor na época do colégio que sempre dizia “é impressionante como tudo fica mais legal quando a outra opção é estudar”. Se ele tivesse um videogame, provavelmente não teria virado professor. Não estou comparando os títulos dessa coluna com estudos escolares, só estou justificando como gastei boa parte do meu tempo nos últimos dias.

Mas, vamos lá, nessa segunda edição comentarei os livros “Cineclub em Quadrinhos”, “Para Alto e Avante” e o indiscutível clássico “On The Road”. Também vou falar do filme nacional “É Proibido Fumar” e claro, de videogame. Não será nessa ordem específica, comentarei na ordem em que elas aconteceram, afinal, uma coisa leva a outra.

Depois de ler o livro do Hornby eu fiquei afim de ler sobre quadrinhos e cinema. Como não me sobrou muito dinheiro depois da aquisição do videogame, fui para a biblioteca. E cara, como gosto de bibliotecas. Me sinto em uma livraria podendo escolher qualquer título sem precisar olhar o preço. Trago todos para casa, deixo em cima da mesa, leio tudo com calma e, no final, nem preciso me preocupar em achar um lugar definitivo na estante, que por sinal, eu não tenho.

Tá, voltando ao assunto. Lá na biblioteca o primeiro livro que achei foi o Cineclub em Quadrinhos, do Nielson Ribeiro Modro. Ele nada mais é do que uma história em quadrinhos que explica como funciona o Cineclub, um projeto do Rio Grande do Sul que ensina e incentiva o uso de filmes em aulas de ensino fundamental. O livro é bem simples e até meio óbvio, mas não deixa de ser interessante. Se você for professor então, ó, batata! (nunca entendi essa expressão). Ao longo das ilustrações, Modro explica qual é o melhor jeito de exibir o filme para a criançada, dá dicas de algumas obras e ajuda a conciliar ela em várias matérias escolares. Se meus professores tivessem lido o Cineclub, provavelmente minhas aulas fossem mais interessantes e eu não teria dormido tanto (não que eu me orgulhe ou os culpe disso).

Em seguida li Para o Alto e Avante, de Iuri Andreas, que é, como o subtítulo já diz, uma “análise do universo criativo dos super-heróis”. Andreas, pelo que entendi, produziu esse estudo em paralelo ao seu mestrado em Teologia e tinha como pretensão aliviar um pouco a barra dos leitores de quadrinhos (tá, aposto que é um pouco mais complexo que isso, mas defendo minha teoria sincera).

Por vários motivos, não me sinto muito confortável comentando um texto acadêmico, mas o trabalho de Iuri é diferente, ou pelo menos ele lutou muito para ser. Encarei o livro por esperar uma leitura divertida, instrutiva e descontraída. Não encontrei isso, ou pelo menos todas essas características juntas. A produção de Andreas é confusa e muitas vezes ingênua. Em certos momentos não sabia se o que eu estava lendo era sobre o universo fictício dos super-heróis ou se era sobre a nossa sofrida realidade cultural. Além disso, o texto é muito repetitivo. Tem um capítulo de duas páginas e meia que deve ter, no mínimo, 37 vezes a palavra “mito”. De qualquer forma, Para o Alto e Avante tem seus bons momentos, como a contextualização dos quadrinhos e super-heróis nacionais. Ali dá para sentir sobre o que o autor realmente gosta de escrever.

Foi nessa sequência acadêmica que o videogame cresceu na minha rotina diária. Ele era muito mais divertido, emocionante e interativo, principalmente agora que dá pra jogar online com alguém absolutamente desconhecido de qualquer canto do mundo. Não consigo descrever a sensação de ganhar de um argentino por 3x2 de virada.

Como deu para perceber, tenho uma queda por jogos de futebol. Passei alguns dias decidindo o qual era o melhor jogo, FIFA ou o PES. E, não sei se te interessa, mas, entre os dois, atualmente, eu fico com o FIFA. Sempre joguei PES, mas depois do FIFA ele já não tem tanta graça. Parece mais fácil, mais simples, não sei explicar. Se você for daqueles viciados que compram revistas e sabem todos os dados técnicos, por favor, deixe um comentário aí embaixo. Já foi complicado o suficiente para mim, escolher entre um Xbox e um PS3.

Enfim, para fugir das tentações do videogame eu precisava de um livro interessante, com uma linguagem espontânea e que me prendesse na leitura. Foi assim que eu comecei a ler On the Road, do Jack Kerouac. Eu não sei por que as pessoas, assim como eu, vão adiando a leitura dele. On the Road é, como todo mundo sabe, uma obra fantástica, cheia de referências legais e fundamental na compreensão da história da cultura pop e seus mitos. Por exemplo, dizem por aí que foi depois de ler ele que o Bob Dylan pegou suas coisas e saiu de casa. E só pode ser verdade. Não que eu seja um Dylan e coisa e tal, mas, porra, eu fiquei uma semana me segurando aqui em casa para não pegar uma mochila e sair andando e pedindo carona por aí. Se as coisas fossem tão fáceis como no livro (peguei meus 10 dólares, comprei um maço de cigarro, uma garrafa uísque, um sanduíche, enchi o tanque do carro e continuei minha viagem com apenas um dólar no bolso) eu acho que encarava. Na real, até deve ser fácil, eu que sou bundão demais para isso.

Para fechar a coluna eu precisava ver pelo menos um filme, então, aleatoriamente, escolhi o nacional É Proibido Fumar, que foi escrito e dirigido por Anna Muylaert e recebeu vários prêmios esse ano. O longa tem uma fotografia muito bacana, é divertido e me agradou muito. As várias cenas engraçadas - como a discussão entre Paulo Miklos e Glória Pires sobre quem seria melhor, Jorge Ben ou Chico Buarque – deixam leve o conflito central que envolve o cigarro e um assassinato. A música, por sinal, está presente em vários momentos. Ambos os protagonistas são músicos, (eu também tinha escrito um comentário sobre o Titãs e o Fábio Jr., mas achei melhor apagar) rolam várias participações especiais como Pitty e André Abujamra e tem até uma cena da Glória Pires se depilando com uma camiseta do Chico Buarque que entraria fácil para as T-Girls do Trabalho Sujo (olha a dica aí, malandro). De uma forma geral, É Proibido Fumar até me lembrou o primeiro longa da diretora, o clássico obscuro nacional Durval Discos. Resumindo, eu gostei tanto que até prometi para mim mesmo que na próxima edição vou dar uma atenção maior para a música.

6 comentários:

  1. Thiagoo, quero ler o livro do Cineclub! hahahaha Não encontrei ele na internet em lugar algum. Cadê? hueheuehueheu

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  2. Ô Thiago! Divulga o blog velho. Gostei. Ou você divulgou e eu que não vi?

    Abraços.

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  3. Eu comprei o manuscrito original de On The Road que a L&PM lançou esses tempos, na verdade já faz um tempinho (do jeito que eu disse parece que "tempos" é mais recente que "tempinhos" ??? WTF!). E pra te dar razão, tô postergando a leitura. Será que é medo de que ele não mude a nossa prosaica vida como mudou a de Mr. Bob Dylan? Não sei. Mas você tem muita razão, a galera adia a leitura desse livro. Prometo encarar!

    Abraço!

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  4. Desculpe a demora. Thiago Soares, meu grande amigo Thiago Soares, parabenizo o senhor pela iniciativa de abrir um blog e se propor a destrinchar geral nas áreas culturais. É muito legal ler opiniões embasadas de você, seja na área da música, da literatura ou do cinema. É isso o que falta nesse mar de merda chamado internet. Porra: foda-se que a tua opinião não seja igual a do João ou da Maria. É tua, e pronto. Mas as pessoas, além da preguiça, parecem sentir medo de dizer o que acharam de determinado produto cultural. E você, soube disso desde a faculdade quando eu falava que tal coisa era legal e você nem sempre concordava, tem a sua própria voz, meu caro. Parabéns! E obrigado por abrir mais um lugar onde eu possa visitar na rede. Vou locar já o filme por causa da Glória Pires depilando com uma camiseta do Chico.

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  5. Porra: esqueci de dizer. Comprou o ps3? Demorou pra trazer um dia aqui em casa hein! Meu PS2 está às moscas.

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