quarta-feira, 6 de outubro de 2010

#5

Demorei dessa vez. E nem é porque li, vi ou ouvi 30 coisas diferentes, foi por pura preguiça mesmo. Nos últimos dias me senti mais chato do que o comum, quando isso acontece não tenho muito saco para arriscar novos títulos e dar chances honestas para qualquer coisa que eu não tenha tanto interesse.

Bom, fiz um esforço e consegui reunir quatro títulos diferentes para essa edição. Os filmes Vadias do Sexo Sangrento, do Peter Baiestorf, e Dirty Money da dupla Alexandre Vianna e Ricardo Koraicho; e os livros Febre de Bola, do Nick Hornby e Lady Sings The Blues, da Billie Holiday. (Viu?! Nada arriscado. Só escolhi coisas que provavelmente me agradariam).

Às vezes vou na sessão de biografias de bibliotecas, sebos e livrarias e fico um tempão tentando decidir sobre quem vou ler, quem vou conhecer e essas coisas assim. Tenho uma queda por elas, tenho vontade de ler todas, não importa sobre quem seja. Se um dia publicarem uma sobre você, fique sabendo que provavelmente vou querer lê-la também. Para essa edição li Lady Sings The Blues, uma autobiografia da Billie Holiday publicada originalmente em 1956, três anos da sua morte.

Desconfio de toda autobiografia. Não que não desconfie das biografias normais, afinal, é difícil ser imparcial quando se escreve um livro inteiro sobre alguém. Mas quando é o próprio autor, escrevendo sobre ele mesmo, a desconfiança naturalmente aumenta. Acho que isso é normal e acontece com todo mundo, mas se não for, bom, então sei lá.

Apesar disso, superei minha cisma e gostei do livro. Achei sincero. Normalmente acho autobiografias sinceras quando o autor escreve com muito orgulho alguma opinião ou acontecimento que se fosse na sua vida, você provavelmente ocultaria do resto do mundo com muito prazer. Mas enfim, achei bacana, dá para se conhecer mais sobre Billie Holiday de uma perspectiva muito mais interessante, que é a dela mesma.

O Nick Hornby da vez foi Febre de Bola, o primeiro dele. Livros são engraçados, eles te levam ao sucesso de uma forma diferente de, por exemplo, os discos. Não é difícil de encontrar um primeiro disco fodão, um segundo meia-boca e um terceiro fraco. Isso é comum no mercado musical. Mas livros não. Nunca se sabe em qual livro o cara vai despontar. Eu acho que o Nick Hornby só vendeu tantos exemplares do Febre de Bola, pelo menos no Brasil, porque na capa tem a frase “o escritor do sucesso Alta Fidelidade...”. Não que o livro seja ruim, pelo contrário, é bacana e eu gostei bastante dele, mas pô, precisou de ajuda do segundo ou terceiro para vender o primeiro. Faz sentido isso?

Tá, tanto faz. Isso não vem ao caso, vem?! Enfim, como já disse, o livro é legal. Porém, acho que se eu tivesse lido há um ano, antes de me mudar ao lado de um estádio de futebol e principalmente, antes de começar a sentar na mesma cadeira em vários jogos seguidos, provavelmente não tivesse gostado tanto. É que o Febre de Bola é uma espécie de autobiografia contada de acordo com os jogos de futebol que marcaram a vida do autor. Ou quase isso.

O que eu quero dizer é que se você não gosta de futebol e não faz a mínima idéia de o que é o Arsenal, provavelmente vai achar o livro chato. Se você gosta do esporte de um jeito normal, talvez você enjoe facilmente dele. Mas se você é um fanático que acha que as fases da sua vida incrivelmente se coincidem com as do seu time de coração, então vai lá, cai de cabeça na leitura que seu olha vai brilhar. E ah, sei que esse também virou filme, mas como trocaram o futebol pelo beisebol eu achei melhor não ver.

Não estou pronto, nesse momento da minha vida, para falar do filme As Vadias do Sexo Sangrento, do Peter Baiestorff. Na verdade, acho que nunca estarei. Não só sobre esse, claro, mas sobre toda a extensa obra do diretor.

Peter Baiestorff é uma lenda viva do terror tosco trash lado-b com peitinho de fora. Bicho, os filmes são uma loucura. Desde que conheci ele, quando o Andye Iore da Zombilly levou o cara até Maringá para uma festa estranha, fiquei curioso para conferir alguma obra. Mas confesso que até então não tinha encarado nada.

As Vadias do Sexo Sangrento foi o primeiro que assisti inteiro e bom, não sei o que achei. O filme é uma mistura de sangue falso com linguiças fingindo ser tripas e intestinos, consciência ambiental com propagandas pró-vegetarianismo e cenas de sexo bizarras com garotas nuas no melhor estilo Pin Up. Mas se você se empolgou com essa última parte eu aviso: Se, por acaso, você se sentir excitado com isso, por favor, procure a ajuda de um especialista.

Para encerrar, vi o ótimo documentário Dirty Money, que conta a história de um grupo de amigos que foram fundamentais na história do skate brasileiro. Ele retrata como alguns skatistas passaram pela crise econômica brasileira da década de 90 (governo Collor), e transformaram o esporte no país. O mais bacana ainda é que o filme foi e é distribuído gratuitamente pelo site dos caras (procura aí no Google que você acha) e tem entre os personagens ícones como Bob Burnquist, Alexandre Vianna, Márcio Tarobinha, Charles Chaves e muitos outros.

Dirty Money é ágil, interessante e bem feito. Tem uma trilha sonora bacana e cumpre bem o objetivo proposto. Não é desses filmes pretensiosos nem nada. É só, como o próprio subtítulo do filme diz, um documentário sobre uma geração que fez transformou o skate no Brasil. Sério, sem medo, vai fundo que vale o download.

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